O papa é pop/o pop não poupa ninguém

Faz 30 anos (1990), olhe quanta atualidade emana desta bonita canção/rock/letra da extinta banda ENGENHEIROS DO HAWAÍ. Na época, ainda ferviam imortais artistas, cuja criatividade não perdia para qualquer celebridade acadêmica.

O POEMA, produzido pelo vocalista da banda, HUMBERTO GESSIGER, confirma a genialidade das músicas do grupo. O texto reflete o momento pelo qual DEMOCRACIA e GLOBALIZAÇÃO avançavam nos costumes de uma SOCIEDADE CONSUMISTA e DESENFREADA, sem filtros de julgamento, sem respeito ao sagrado, sem filtração de valores populistas ou cultos. Espécie de anarquia sem hierarquia de valores. Puro achismo, puro relativismo. Hoje “todo amor se pode, de qualquer maneira, em qualquer lugar”, como decanta a música do programa MALHAÇÃO, da TV GLOBO, para o público adolescente, sem barreiras morais, tudo se pode. Vejamos o texto de HUMBERTO GERSSIGER:

“Todo mundo tá revendo o que nunca foi visto. /Todo mundo tá comprando os mais vendidos,/ qualquer nota, qualquer notícia. /Páginas em branco, fotos coloridas/Qualquer nova, qualquer notícia/Qualquer coisa que se mova é um alvo/E ninguém tá salvo.

Todo mundo tá relendo o que nunca foi lido/Tá nas caras, tá na capa da revista/É qualquer nota, uma nota preta/Páginas em branco, fotos coloridas/Qualquer rota, rotatividade/Qualquer coisa que se mova é um alvo…/E ninguém tá salvo/Um disparo, um estouro!!!
(refrão) O papa é pop, o papa é pop. /O pop não poupa ninguém. /O papa levou um tiro à queima roupa/O pop não poupa ninguém/Uma palavra na tua camiseta/O planeta na tua cama/Uma palavra escrita a lápis./Eternidades da semana/Qualquer coisa, quase nova/Qualquer coisa que se mova é um alvo/E ninguém tá salvo”. Bela aliteração: PAPA POP, POP NÃO POUPA.

Nos últimos dias, o PAPA FRANCISCO se vê no centro de intensas críticas por parte da imprensa, de líderes católicos, grande parte do povo brasileiro, bispos e cardeais, por acolher e abençoar ex-presidentes e ditadores, bandidos e chefes de quadrilhas condenados, presos, liberados em seguida por corruptos magistrados. Parece-me estranho o carinho papal para com inimigos do alheio e das virtudes cristãs. Nem JESUS dispensou AFINIDADES ao carniceiro rei HERODES, que desejava um contato com o MESTRE. JESUS lhe respondeu: “Digam àquela raposa (canalha) que não irei!” (Lucas, cap. 13). Ao ladrão e traidor JUDAS, JESUS sapecou: “Melhor nem tivesse nascido!”. Ao bom e arrependido ladrão, na CRUZ, o MESTRE prometeu o PARAÍSO. Mas descartou o bandido blasfemo, também crucificado. Aos aventureiros do TEMPLO, JESUS aplicou-lhes chibatadas. Já ao arrependido ZAQUEU, acolheu-o durante banquete.

A CANÇÃO bate na superficialidade da CULTURA POP, efêmera, no achismo e relativismo do mundo globalizado, que não respeita símbolos, tudo vê, porém não enxerga, não filtra. E veja que em 1990, a internet engatinhava. Hoje, virou BABEL da (i)moralidade

FREI HERMÍNIO, que residiu cinco anos em ROMA, escreveu-me, de FORTALEZA, sobre a discutida relação do PAPA FRANCISCO: “Salve meu caro José Maria Vasconcelos, eu também estou perplexo, pois há até cardeais criticando o Papa… mas para mim ele está correto…”. Nem tanto, Nem tanto, estimado FREI HERMÍNIO.

José Maria Vasconcelos
Cronista

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